terça-feira, 6 de maio de 2008

Montariol



Era uma manhã amena de Sábado, aquela em que com o Pároco da minha freguesia e o meu pai me deslocava para Braga. Acabara de sair do Hospital de Guimarães e ia encontrar-me com uma pessoa amiga do Padre, alguém que eu desconhecia.
Chegávamos a um imponente edifício localizado na encosta de um monte, retirado da confusão da cidade. Era um belo lugar onde se respirava ar puro e se sentia a harmonia da Natureza. No Colégio de Montariol, fomos recebidos por um frade que nos conduziu à pessoa que procurávamos. Feitas as devidas apresentações e saudações, fiquei perante um homem que vestia uma gasta bata branca no lugar do hábito Franciscano.
Passeávamos os quatro pelo pátio do colégio, enquanto o Frei dialogava um pouco com o Padre. Pude observar que as traseiras daquele edifício davam acesso directo para o monte onde moravam árvores de grande porte e uma espécie de cactos florescia alegremente.
Regressamos ao interior do colégio onde o Frei me convidou a subir com ele a um piso superior. O elevador conduziu-nos ao andar desejado e segui os passos daquele homem iluminado. Entramos num pequeno quarto onde nos sentamos comodamente sobre a cama, observando-nos mutuamente.
Começou a conversar comigo, perguntando-me se estava assustado, ao que respondi negativamente, pois desconhecia o diagnóstico exacto do meu estado de saúde. Com aquela voz profunda, penetrante, colocou-me uma questão curiosa que me deixou um pouco admirado. Ao ouvir as suas palavras interrogar-me acerca da minha vaidade com o cabelo, respondi afirmativamente, que era um pouco vaidoso com o meu aspecto.
Prontamente e num tom bastante afável, disse-me para me mentalizar que iria perder todo o meu cabelo, mas que depois voltaria a nascer e crescer ainda mais forte. A minha completa ingenuidade levou a que reagisse com aparente serenidade perante aquela constatação.
Continuamos a conversar durante mais algum tempo e descemos ao rés-do-chão, onde, após colher algumas folhas daqueles cactos, preparou um xarope caseiro para eu levar para casa. O aspecto daquela mistela não era lá muito agradável, mas se era para me ajudar esse pormenor não era importante. Explicou-me cuidadosamente como haveria de tomar o xarope durante o intervalo dos tratamentos a que eu me iria submeter e que eu desconhecia por completo.
Despedimo-nos do Frei, agradecendo toda a generosidade e hospitalidade demonstrada, prometendo voltar brevemente. Regressava a casa, com aquele momento bem marcado no meu pensamento, no meu ser…

1 comentário:

Anónimo disse...

Estava fazer umas pesquisas sobre o xarope de Montariol. Há três anos que a minha mãe tem cancro e estamos numa fase difícil. Gostava de trocar algumas impressões contigo, mas não consegui ver o teu email. Deixo o meu, podes-me contactar?

aricura@hotmail.com

Andreia

Desculpe o abuso