quarta-feira, 6 de outubro de 2010

um.


oiço a chuva cair lá fora sobre as folhas amarelecidas das videiras
e pingar pelas uvas em cacho quase maduras.

penso: o teu corpo nu.

e os meus dedos a escorrer em carícias
a intumescer cada poro da tua pele morena.

a água morna a escorrer
aos sentidos em volúpia incandescente.

o desejo emana lascivo
aos poros ávidos.

há carícias em corrente fogo
a desaguar na foz do incêndio.

entrega plena dos corpos amantes.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

seio-amor

há na madrugada um abandono ao vazio. como se o coração rasgasse o peito ao corpo nu, sob o pulsar da noite, indo ao teu encontro, seio-amor. e a chuva rebate contra a vidraça quando te beijo na intimidade do silêncio.

quinta-feira, 25 de março de 2010

estrela do mar


Como se percorrêssemos a praia em silêncio e uma estrela do mar beijasse o sorriso aos teus lábios. O sol ao horizonte a nascer em chama ardente, sobre o azul mar profundo. E a maré a encher ao peito, sob o palpitar amor em murmúrio, que se inflama ao sopro do beijo.

Choves em mim e o teu perfume escorre-me pelos poros da pele.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

húmido escorrer


O temporal abate-se sobre a manhã. O corpo ainda adormecido estremece. Pelas paredes da vidraça, intensas gotas de chuva escorrem demoradamente, intumescendo cada poro. Sob a fúria do vento que sibila intempestivo à porta, acende-se a incandescência nos sentidos. Prolonga-se o teu nome aos lábios na ardência dum suspiro.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Invictus



"Invictus" is a short poem by the English poet William Ernest Henley (1849–1903). It was written in 1875 and first published in 1888[1] in Henley's Book of Verses, where it was the fourth in a series of poems entitled Life and Death (Echoes).

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

(wikipedia)

Um momento soberbo de aprendizagem de vida.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

...dream





Estende-se a noite
por entre os violáceos tons
que pintam o horizonte.
As pardas nuvens apressam-se
no céu que escurece.


Sentado no velho banco de jardim,
escuto o murmúrio da suave brisa
que abraça as ramagens das árvores.


Paira no ar uma sibilante mescla de aromas silvestres.


As estrelas cintilam no infinito
como cúmplices amantes.
Suspenso na abóbada celestial,
imerso no esvair do tempo,
espero-te no toque dos lábios,
embebido no teu paladar.


Aguarda-te a imaculada rosa encarnada que floresce nas raízes das minhas mãos.